quarta-feira, 3 de setembro de 2008

João Pato 2005



João Pato Touriga Nacional 2005. Portugal, ao contrário de muitos outros países com tradição de vitivinicultura, tanto do novo quanto do velho mundo, continua a usar muitas de suas uvas autóctones na produção de seus vinhos. Este costume concede uma maior particularidade aos seus vinhos, mantendo seu caráter tradicional e viva a cultura portuguesa. Segundo José Maria Santana: "Portugal parece continuar na contramão da História ao preservar com orgulho suas cepas tradicionais. Antes de ser um defeito, é isso que dá identidade ao vinho português e o diferencia entre os iguais. Há dezenas de uvas tipicamente lusas, cada uma com suas características. Mas a tinta Touriga Nacional cada vez mais espalha suas raízes por todo o país e se firma como a grande casta da terra". Isto é um sinal de manutenção das raízes e valorização da história lusitana. Hoje, a touriga nacional é celebrada em diversas outras regiões portuguesas e está na base de vinhos de qualidade no Dão, Estremadura, Ribatejo, Alenquer, Beiras, Alentejo, Bairrada, Península de Setúbal e até no Algarve. Luis Pato é um dos grandes produtores vinhateiros portugueses. Instalado na região da Bairrada, ao norte de Lisboa e ao sul de Coimbra, a Adega Luis Pato resulta da associação de duas famílias tradicionais da Bairrada, a família Pato e a família Melo Campos. Na Quinta do Ribeirinho, os documentos indicam a produção de vinho desde o século XVIII. A sua atividade de engarrafamento de vinhos iniciou-se nos anos 70 e continua sempre progredindo até os dias de hoje. Os grandes saltos da vinícola se deram em 1984 com o inicio do trabalho a tempo integral, tanto na promoção como na vinificação. Em 1988, com a introdução do conceito de Vinhas Velhas e, em 1995 com o início de Vinhos de Vinha - mostrando a distinção de caráter dos vinhos provenientes de vinhedos diferentes, a introdução da Touriga Nacional como casta melhoradora e a primeira produção de um vinho de videiras não enxertadas, marcaram a evolução dessa empresa. O ano de 1998 foi marcado com a introdução de um vinho branco de VINHA, apoiado na excelência qualitativa da casta BICAL e, em 2001, com a obtenção da melhor colheita da história, proporcionou à vinícola vinhos de excelente qualidade e de grande potencial de guarda. Ao vinho em comento, varietal da casta touriga nacional, com a adição de um pequena parcela da casta baga, uma das preferidas de Luis Pato, o João Pato Touriga Nacional, segundo dados do produtor, é composto com uvas oriundas de vinhedos próprios na região da Bairrada, tratadas com vinificação tradicional, com controle de temperatura e maturação por doze meses em barricas de carvalho francês. Servido a uma temperatura de 17ºc., na taça, vemos um líquido rubi intenso, com halo violáceo. Aromas com notas predominantemente animais, evocando couro e carne crua, misturam-se com harmonia aos de frutas negras maduras. Na boca, taninos com presença marcante harmonizam-se com a acidez pronunciada e teor alcoólico de 13%. Sabores de carne, framboesa e amoras marcam o paladar. Retrogosto marcante com longo e agradável final de boca. Enfim, é um vinho de boa qualidade, representando muito bem a casta touriga nacional, saboroso e corpulento, podendo acompanhar com vigor carnes de ave de criação, peixes de carne vermelha, além de pratos à base de carne de porco. Pode ser guardado por mais uns três anos, sem a perspectiva de evolução em garrafa. Impostado pela Mistral, custa em torno de R$ 45,00. Uma excelente relação qualidade/preço.

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Purple Angel 2006



Purple Angel Carménerè 2006. Novidade no Brasil, importado pela Mistral. Este vinho, produzido por Viña Montes, sob a responsabilidade de Aurélio Montes, um dos mais prestigiados enólogos chilenos, chega com o compromisso de elevar a casta carménerè a um patamar superior de qualidade e desempenho nas taças nacionais. O Purple Angel é o novo vinho top de linha da Viña Montes, ao lado do Folly Syrah e do Montes Alpha M. Com as uvas cultivadas nos campos da região chilena de Apalta, de onde originam diversos outros vinhos de grande estirpe, como os da Casa Lapostole, este vinho foi resultado de anos de pesquisa com a casta carménerè, aonde foi usado o vinho Montes Selección Limitada Carménerè (básico da linha) como um experimento para se chegar a um grau mais alto de especialização e qualificação da casta para elaboração de vinhos de ponta. Realmente a Viña Montes conseguiu um bom produto. Servido a uma temperatura de 17ºc, na taça, vemos um líquido púrpura, com halo violáceo e cristalino. Aromas marcantes de especiarias e frutas silvestres ainda tenras combinam perfeitamente com notas de baunilha e menta. Acidez e tanicidade vivas e ativas reagem com harmonia e equilíbrio ao teor alcoólico de 14%. Sabores de cereja em calda, pimenta vermelha e amoras agradam o paladar. Retrogosto persistente com longo e suave final de boca. É um vinho de muito boa qualidade, corpulento, mas aveludado, muito agradável de se beber. Acompanha com maestria pratos a base de aves de criação, coelho grelhado e massas com molho cremoso. Pode ser guardado por mais uns cinco anos, com previsão de evolução em garrafa. Importado pela Mistral custa em torno de R$ 160,00.

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Fritz Haag 2007



Fritz Haag Brauneberger-Juffer Riesling Kabinett Trocken 2007. O nome é grande e complicado. Mas vinho alemão de estirpe é assim mesmo. Brauneberg é uma pequena cidade - mais para uma vila rural -, na região sudoeste da Alemanha, situada ao lado de Mosel, a setenta quilometros de Luxemburgo (Luxemburgo) e a cento e sessenta quilometros de Estrasburgo, na Alsácia (França). Localizada às margens do rio Mosel, um dos mais importantes da Alemanha, que nasce na França e corta parte da Alemanha, a cidade de Brauneberg tem uma tradição milenar na arte da vitivinicultura, com histórico datado à época do império romano do oriente. Conta a história que no tempo dos romanos estas terras eram conhecidas como Dusemond (em latim "dulcis mons"), ou seja, doces montanhas. Já em 1806 o terroir de Braunenberg foi considerado como de "primeira classe", a única desta classe na divisão de áreas vinícolas na região, naquela época. Um dos mais famosos apreciadores dos vinhos de Braunenberg foi Napoleão Bonaparte, que sempre visitava a região em suas "férias". Nesta pequena e histórica cidade está sediada a vinícola Fritz Haag. De propriedade da família Haag há mais de seiscentos anos, esta vinícola atualmente é administrada por Wilhelm Haag e seu filho Oliver Haag, os quais vêm empreendendo uma verdadeira revolução na arte de vinificar, atualizando os antigos preceitos de seus ancestrais, mas sem perder a tradição e a qualidade de seus vinhos. Com terras nas regiões de Brauneberg-Juffer e Brauneberg-Juffer-Sonnenuhr, a vinícola produz apenas a casta riesling. Seus vinhos, todos brancos - é lógico -, um dos melhores da região do rio Mosel, são divididos entre as classes Riesling (o comum, básico de linha), Riesling Kabinett (o Reserva), Riesling Spätlese (o elaborado com uvas mais amadurecidas de colheita tardia) e o Riesling Auslese (o produzido com uvas botrytizadas), além de diversos outros brancos doces para sobremesa. Ao vinho em comento, um produto da classe Kabinett, servido a uma temperatura de 8ºc, vemos na taça um líquido brilhante, cristalino e licoroso, com coloração pistache translúcido. Aromas de frutas brancas tenras e pedra-de-isqueiro aguçam o olfato. Na boca, um vinho untuoso e refrescante, com boa acidez, que se equilibra com perfeição ao teor alóólico de 12%. Um vinho nitidamente mineral, com sabores de maça verde, lima da pérsia e toques delicados de mel. Retrogosto consistente e persistente, com longo e refrescante final de boca. Por seus méritos, recebeu 92 pontos da revista Wine Spectator para a safra de 2005. Acompanha perfeitamente peixes de carne branca grelhados ou ao forno, queijos suaves, principalmente o chevrè e o brie, e saladas pouco condimentadas. Pode ser guardado por mais uns cinco anos, pois vinhos produzidos com casta riesling são bem resistentes a guarda, mas sem perspectiva de evolução. Importado pela Grand Cru, custa em torno de R$ 120,00.

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Faiveley chardonnay 2004



Faiveley Bourgogne Chardonnay 2004. Fundada em 1825, a vinícola francesa Faiveley, pertencente à família que lhe empresta o nome, possui 120 hectares de vinhedos na região de Côte-D'Or, em Nuits-Saint-Georges, na Borgonha, com predominância da casta pinot noir e algumas parcelas de petit verdot e chardonnay. Produz diversos vinhos, dos mais simples, como o Les Dames Huguettes e Bourgogne Hautes Côte de Nuits, passando por premiers crus, como o Les Saint Georges e o Gevrey Chambertin Chaponnets, aos grand crus Chambertin Clos de Bèze, Musigny e Clos de Vougeot. Quantos aos brancos, elaborados com casta chardonnay, a vinícola produz, entre outros, o Mercurey Domaine de La Croix Jaquelet, o Bourgogne Georges Faiveley, o Macôn Villages e o Bourgogne Joseph Faiveley. Todos vinhos de boa estirpe e excelente relação qualidade/preço. O vinho em comento, orignário de vinhedos genéricos de chardonnay, sem a distinção de uma Apellation Contrôlée, é um branco de categoria Villages, acima dos vin de table e vin de pays e abaixo dos AOC de Apellation Contrôlée e dos premier e grand crus. Na França, é um vinho mediano, destes que se bebe no dia-a-dia. Servido a 8ºc., na taça, um vinho cristalino de coloração amarelo palha. Aromas de rosas e nozes tostadas, misturam-se aos de frutas brancas maduras e baunilha. Na boca, uma bebida com acidez bem suave, com bom corpo e bem equilibrada, com teor alcoólico de 13%. Sabores de compota de pêssegos e frutas secas, com toques de manteiga e mel, evoluindo posteriormente para compota de abacaxi, atigem o paladar de forma suave e agradável. Retrogosto harmônico e longo final de boca. Para os padrões franceses trata-se de um vinho modesto, básico em sua linha, sem muitas pretensões, custando cerca de 10 euros na origem. Todavia, é um branco bem elaborado, oriundo de vinhedos selecionados na região da Borgonha e com estágio em barricas de carvalho francês. Acompanha bem peixes de carne branca e vermelha, massas com molhos cremosos e aves de criação grelhadas, além de queijos de massa-suave como brie e camembert. Importado pela Mistral custa cerca de R$ 78,00.

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Má Partilha 2001



Má Partilha 2001. A JP Vinhos S/A, produtora do vinho em comento, é uma das mais importantes referências do setor dos vinhos em Portugal. Conta hoje com uma significativa área de vinha, mais de 500 hectares, repartidas entre a Península de Setúbal, Alentejo e Ribatejo. Foi precursora na utilização de castas estrangeiras em Portugal, com vinhos tão emblemáticos como o Má Partilha (Merlot) e Cova da Ursa (Chardonnay). Produz ainda vinhos mundialmente famosos como o Quinta da Bacalhôa, Meia Pipa e Cova da Ursa. Segundo dados do produtor este vinho é inteiramente produzido com a casta merlot em solos argilo-calcários de uma vinha localizada nas encostas suaves de Azeitão. A elevada densidade de plantação de vinha, o seu solo e as condições climáticas da zona da Arrábida, permitem a obtenção de uvas desta casta com forte personalidade local. A fermentação parcial em meias-pipas novas de carvalho nacional contribui para a excelente integração dos aromas e sabores da uva e da madeira. A posterior maturação durante cerca de seis meses nas mesmas meias-pipas garante uma complexidade de palato complementar. Este vinho tem um potencial envelhecimento em garrafa de 5 a 15 anos, consoante a colheita. O vinho português pode ser classificado em três níveis de qualidade, os Vinhos de Mesa, que podem ser produzidos em qualquer parte do país e apresentam qualidade inferior; os Vinhos Regionais, que precisam ter obrigatoriamente 85% das uvas nativas da região especificada e alguns até são considerados melhores que muitos DOC. Por não concordarem com as regras impostas, alguns bons produtores preferem rotular seus vinhos como regionais e não como DOC. Os Vinhos de Denominação de Origem Controlada (DOC), que apresentam altíssima qualidade e possuem regras mais restritas em relação às uvas utilizadas, processo de vinificação, teor alcoólico e tempo de envelhecimento. Essa classificação equivale à DOC italiana e à AOC francesa. O vinho em comento é um vinho DOC pois, elaborado com a casta merlot, não se amolda ao rigor da legislação portuguesa, em relação ao vinho regional. Servido a uma temperatura de 16ºc, vemos na taça um líquido cor de terra, com halo marrom claro. Aromas de frutas vermelhas maduras e toques de cacau instigam o olfato, abrindo, posteriormente, a ameixa em calda. Acidez e tanicidade já amoldadas pelo tempo em garrafa tornam este vinho uma bebida equilibrada e agradável, equilibrando-se com o teor alcoólico de 13%. Sabores de baunilha, chocolate meio-amargo e amoras agem com eficácia no paladar. Retrogosto consistente, como longo e aveludado final de boca. Acompanha desde massas com molhos cremosos a pratos a base de carne bovina e ovina, além de queijos de massa semi-dura. Pode ser guardado por mais uns três anos, sem previsão de evolução em garrafa. Trata-se de um vinho já em sua plenitude. À venda em casas do ramo, custa em torno de R$ 130,00.
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Bramare Chardonnay 2004



Bramare Chardonnay 2004. O grande enólogo americano Paul Hobbs se associou ao casal de enólogos argentinos Andrea Marchiori e Luis Barraud e produzem, de um antigo vinhedo, alguns dos melhores vinhos da Argentina. A Bramare produz uma variada gama de vinhos, tendo como bandeira principal de seu portfólio o Bramare Cobos e o Cobos (já comentado neste Blog), vinhos tintos de grande qualidade, sendo dos melhores da Argentina. Servido a uma temperatura de 08ºc, na taça vemos um líquido amarelo palha, brilhante e translúcido. Aromas de frutas brancas maduras com toques de compota de abacaxi aguçam o olfato. Acidez pronunciada e bem equilibrada com o teor alcoólico de 14%. Sabores de pêssego, damasco e caramelo combinam perfeitamente com toques melífluos. Retrogosto persistente, com refrescante e suave final de boca. É um vinho muito elegante, lembrando os borgonhas brancos e alguns poucos chardonnays de estirpe do novo mundo, como o Catena Alta Chardonnay. Acompanha pratos à base de peixes de carne vermelha, aves de criação e queijos como o brie, camembert e chevrè. Importado pela Grand Cru, custa em torno de R$ 130,00.

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Calda Bordaleza 2005



Calda Bordaleza 2003. Produzido nos moldes dos grandes vinhos de Bordeaux, mostra grande classe e potência, tendo sido eleito o "Melhor Vinho da Bairrada" pela Revista de Vinhos, que também elegeu Campolargo como o "Produtor do Ano" em 2006. Trata-se de um tinto de minúscula produção e grande estirpe, combinando concentração, complexidade e elegância com bastante densidade de fruta. Segundo dados do produtor, trata-se de um corte em 47% de merlot, 40% de cabernet sauvignon e 13% em petit verdot. As uvas originam-se de vinhedos localizados na região de Bairrada, próximo do litoral sul de Portugal, com um clima muito parecido de Bordeaux. A Colheita é manual, com rendimento controlado. Durante a vinificação as uvas fermentaram separadamente em pequenos lagares (tipo de cuba tradicional portuguesa), seguindo para as barricas onde continuaram separadas por castas até à fermentação malolática completa. Após, o vinho madurou 10 meses em barricas novas de carvalho de 300 litros de capacidade. Servido a uma temperatura de 18º, na taça vemos um líquido púrpura, com halo rubi. Aromas de frutas silvestres negras ainda tenras, com notas de menta, chocolate meio-amargo e cassis. Tanicidade ainda viva e presente contrasta com a acidez média do vinho, desequilibrando um pouco a bebida. Teor alcoólico de 14%. Sabores de amoras e framboesas com toques sutis de cacau e baunilha. Retrogosto consistente e persistente, mas que deixa ressaltar sua alta tanicidade, com aquela sensação de ausência de saliva. Um vinho muito bom, mas que necessita ainda de uns dois ou três anos em garrafa para amansar os taninos. Mas já se demonstra adequado para consumo. Acompanha pratos à base de carnes gordas grelhadas e queijos de massa dura, como grana-padano e parmesão. Pode ser guardado por mais uns cinco anos, com expectativa de evolução em garrafa. Importado pela Mistral custa em torno de R$ 123,00.

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